quarta-feira, 13 de outubro de 2010

População brasileira deve atingir pico em 2030, diz Ipea

Estimativa é que país registre 206,8 milhões de pessoas no ano.
Instituto analisa dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios.


Do G1, em São Paulo


Gráfico Taxa de Crescimento da População Ipea (Foto: Arte/G1)

A população brasileira deve atingir seu pico em 2030, com cerca de 206,8 milhões de habitantes, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). O dado foi divulgado nesta quarta-feira (13) e integra um estudo de análises sobre a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) 2009, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A projeção do Ipea foi feita com base nos resultados da fecundidade apresentados pela Pnad. Em 2009, a pesquisa apontou para a manutenção do valor da taxa de fecundidade total nos níveis observados em 2007 e 2008, que estão bem abaixo dos de reposição: 1,8 filho por mulher. Espera-se portanto, para 2040, de acordo com o Instituto, um contingente menor do que em 2030: 204,7 milhões de habitantes.

Essa tendência só não se confirmará, de acordo com o Ipea, se a fecundidade voltar a crescer. Comparado à experiência europeia, o movimento de passagem de um estágio de taxas
de mortalidade e de fecundidade elevadas para um de mortalidade e fecundidade baixas
estaria acontecendo no Brasil em velocidade acelerada.

O comunicado número 64 do Ipea avalia dados sobre a demografia do país. Os resultados confirmam a tendência demográfica em curso no país desde 1970, que compreende a desaceleração no ritmo de crescimento da população e mudanças expressivas em sua estrutura etária, no sentido de seu envelhecimento.

Cai proporção de jovens
O pico populacional e posterior redução de pessoas no Brasil deve levar, segundo o Ipea, a um superenvelhecimento da população, o que significa uma alteração na proporção do contingente dos diversos grupos etários no total da população.
Distribuição etária da população Ipea(Foto: Arte/G1)

Em 1940, a população idosa representava 4,1% da população total brasileira, mas passou a representar 11,4% em 2009. Em valores absolutos, o contingente passou de 1,7 milhão para cerca de 21,5 milhões no período. Por outro lado, diminuiu a proporção da população jovem em termos absolutos e relativos. Essa tendência, segundo o Ipea, deve se acentuar nas próximas décadas.

A população menor de 15 anos, responsável por 33,8% da população total em 1992, passou a constituir 24% desta população, em 2009. Por outro lado, a população idosa, que respondia por 7,9% da população brasileira, passou a responder por 11,4%.

Segundo o Ipea, além do envelhecimento da população total, a proporção da população “mais idosa”, de 80 anos e mais, está aumentando, ou seja, a população idosa também envelheceu. A sua participação na população brasileira passou de 0,9% para 1,6%, entre 1992 e 2009.
Taxa de crescimento por faixa etária Ipea (Foto: Arte/G1)

Mudanças populacionais após 2030
O estudo do Ipea aponta que, a partir de 2030, os únicos grupos populacionais que deverão apresentar crescimento positivo serão os com idade superior a 45 anos. A tendência é que a População com Idade Ativa (PIA) - aqueles com 15 anos e mais - cresça até 2030 e, a partir daí, comece a diminuir. A participação do grupo jovem (de 15 a 29 anos) atingiu seu pico em 2000 e espera-se que decline a partir de 2010.

A participação relativa da PIA adulta (população de 30 a 44 anos) deve permanecer estável até 2040, mas com acréscimo em valores absolutos. Já a PIA madura e idosa, segundo o Instituto, deverá crescer tanto em valores absolutos quanto em sua participação no total do segmento.

O Ipea avalia que as mudanças populacionais trarão também mudanças no mercado de trabalho. Os novos empregos  deverão se concentrar na população com mais de 45 anos - faixa etária que deverá ser responsável por cerca de 56,3% da futura População em Idade Ativa a partir de 2030.

O envelhecimento da população em idade ativa, aliado às pressões no sistema previdenciário, deverá levar à necessidade de manter o trabalhador ativo o maior tempo possível. Para isso, o Ipea considera que será necessária uma política de saúde ocupacional, para diminuir as saídas do mercado de trabalho; a redução de preconceitos com relação ao trabalho dos idosos; e capacitação, para que eles possam acompanhar as mudanças tecnológicas.


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