segunda-feira, 12 de abril de 2010

EUA realizam cúpula de segurança nuclear para impedir terrorismo atômico

Convocada por Obama em julho, encontro reúne 46 países para discutir formas de impedir que estoque global de material atômico, suficiente para produzir 120 mil bombas, caia em mãos erradas

 



Com a ameaça do terrorismo nuclear em mente, 46 chefes de Estado e de governo e organizações internacionais se reúnem a partir desta segunda-feira em Washington, EUA, para a Cúpula Global de Segurança Nuclear.

O encontro sem precedentes tem como uma de suas principais metas discutir como salvaguardar, em um período de apenas quatro anos, as bombas atômicas e o material nuclear de todo planeta para evitar que caiam em mãos erradas.

Considerando-se que os especialistas estimam que, em meados de 2009, o estoque global de material atômico mundial era suficiente para produzir 120 mil bombas, com boa parte dele estando desprotegido, a tarefa promete ser difícil.

“O plano é altamente ambicioso e difícil de implementar”, afirmou ao iG Ken Luongo, presidente da Parceria por Segurança Nacional, organização que tem o objetivo de diminuir a ameaça das armas de destruição em massa. “Estamos trabalhando na Rússia e nos ex-Estados soviéticos há 15 anos e só completamos 90% de nosso objetivo”, disse.

A especialista em segurança nuclear Alexandra Toma, do Connect U.S. Fund, concorda que o prazo de quatro anos é um padrão muito alto, mas ressalta que a cúpula em si é uma conquista por seu ineditismo e aspecto multilateral. “Essa é a primeira vez que um líder mundial consegue reunir outros países para discutir como evitar o terrorismo nuclear”, afirmou.












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Obama durante encontro do G8 em 2009, quando anunciou realização de cúpula nuclear
Obama durante G8 em 2009, quando anunciou cúpula nuclear

  
Agenda nuclear

 

O ambicioso plano faz parte da agenda nuclear do presidente americano, Barack Obama, que convocou o encontro em julho de 2009 - dois meses depois de anunciar em Praga que trabalharia por um mundo livre de armas nucleares. No discurso, o líder americano indicou que um dos motivos para esse objetivo eram as informações de inteligência de que os terroristas estão determinados a comprar, construir ou roubar armas nucleares.

Para preparar o cenário para a cúpula desta semana, o governo americano cuidou para que duas medidas precedessem o evento. No dia 6, Obama anunciou a primeira política nuclear dos EUA desde 2002, que prevê restringir o uso de armas nucleares pelo país. Dois dias depois assinou, tendo como palco novamente a capital da República Checa, um tratado de desarmamento nuclear com o presidente da Rússia, Dmitri Medvedev.

A cúpula desta semana fecha o que vem sendo chamado nos EUA de “abril nuclear de Washington”. “Estou há 25 anos aqui, e não me lembro de haver tanta atenção assim para questões nucleares em um período tão curto de tempo”, afirmou Luongo.

A expectativa é que o evento, o primeiro a marcar 2010 como um importante ano para a segurança nuclear, ofereça avanços antes do segundo grande encontro deste ano: a Conferência de Revisão do Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP), que ocorre entre 3 e 28 de maio em Nova York.

Resultados

Como previamente à cúpula foram realizados três encontros preparatórios em Tóquio (Japão), Haia (Holanda) e em Washington, espera-se que a conferência termine com uma declaração oficial que estabeleça um plano de ação de longo prazo e um cronograma com metas específicas.

“Como primeiro passo, todos os Estados presentes no encontro deveriam se comprometer às convenções que já existem para prevenir o terrorismo e proteger os materiais físseis”, disse Deepti Choubey, vice-diretora do Programa de Política Nuclear do Carnegie Endowment for International Peace.

Para Alexandra Toma, uma medida que tem de ser tomada é o estabelecimento de um padrão internacional para proteger o material nuclear. “Normalmente se fala que, para a segurança nuclear, os três ‘Gs’ (Guns, Guards e Gates – armas, guardas e portões) são fundamentais, mas também é necessário uniformizar o que hoje é feito de forma independente por cada país”, disse.

Luongo acredita que podem ser adotadas fortes medidas para coibir o contrabando de material atômico. Como ações concretas para alcançar esse objetivo, o presidente da Parceria por Segurança Nacional diz que é possível melhorar a detecção de radiação nas fronteiras, a cooperação internacional e a compartilhamento de informações de inteligência.

Segundo Deepti Choubey, um dos desafios da conferência será evitar que seus eventuais avanços caiam no esquecimento. “Grande parte do mecanismo para lidar com a ameaça do terrorismo nuclear foi criada há anos, e Obama promoveu essa cúpula para estimular os países a agir novamente”, disse. “Há informações de que a Rússia concordou em realizar o próximo encontro em 2012, o que deve ajudar a enfrentar esse desafio”, completou.

FONTE: IG

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